 |
A CONFERÊNCIA DE RICHARD FEYNMAN
Nascido em Nova York (1918), Richard Feynman é um dos génios mais irreverentes da física. Recém saído da Universidade de Princeton, trabalhou no projecto da bomba atómica. A sua contribuição cientiífica mais famosa que lhe rendeu o Nobel de 1965,
foram os diagramas que ficaram com o seu nome e são analogias gráficas das expressões matemáticas usadas para descrever o comportamento de sistemas de partículas. Uma das suas frases: " - Para aqueles que querem alguma prova de que os físicos são humanos, a prova está no ridículo de todas as unidades diferentes que usam para medir energia."
No dia 29 de Dezembro de 1959, no decorrer do encontro anual da Sociedade Americana de Física, no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Calthec), o físico Richard Feynman fez uma palestra visionária que marcaria o advento da nanociência. "There´s plenty of room at the bottom" - (há muito espaço lá em baixo), foi o nome escolhido por Feynman para apresentar
uma série de novas ideias que mesmo aos seus pares pareceram ficção cientifica e fruto de uma brincadeira.
Na palestra o físico dissertou sobre a possibilidade de manipular e controlar coisas ao nível atómico. "O que eu quero explanar é acerca do problema de manipular e controlar as coisas em escala atómica". Lembrou que não existe nenhum princípio da física que vá contra a ideia de se conseguir manipular qualquer coisa átomo a átomo, salientando que a maior dificuldade que se apresenta é precisamente o facto de não se
conseguir visualizar a escala nanométrica. "Não há nenhuma violação das leis da física no princípios da nanomanipulação. É apenas uma questão de tempo".
Feynmam previu que pelo ano 2000 se perguntaria o motivo de só em 1960 se começar a pensar a sério nesta direcção.
Para ficar claro do que falava, lançou a seguinte pergunta, "porque não podemos escrever os 24 volumes inteiros da Enciclopédica Britânica na cabeça de um alfinete?".
Depois da exposição, Richard Feynman tinha explicado as suas ideias, fazendo notar que a impossibilidade não estava na "reduzida" área da cabeça do alfinete, não numa hipotética limitação de ordem física, mas na falta da tecnologia que permitisse visualizar o "mundo lá de baixo" e dessa forma a sua manipulação. Discorreu sobre a necessidade de microscópios muito mais potentes e das possibilidaes de combinação dos átomos quando se tornassem visíveis, que por certo resultariam em novas propriedaes interessantes dos materiais.
Desta forma foi aberta a porta para o mundo nano. Apesar dos muitos incrédulos que assistiam ao que tinha sido dito, a ideia de um mundo invisível com possibilidades até então inimagináveis ficou a pairar, até chegar a altura em que o desenvolvimento tecnológico permitiu os primeiros vislumbres do que Feynman referia.
"Os princípios da física, tanto quanto pudemos perceber, não interferem na impossibilidade de manipular coisas átomo por átomo. Não se trata de uma tentativa de violar qualquer lei; é algo que, em princípio, pode ser feito, mas, na prática, ainda não o foi, porque nós somos grandes demais.".
Ana Rita Maltez
Página anterior /
Próxima página
|
|
|
|
|
|