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PERSPECTIVAS





Nas últimas décadas, inúmeras inovações tecnológicas foram lançadas no mercado, microelectrónica, engenharia genética, raios laser, novos materiais, energia fotovoltaica, fibras ópticas e outras, contribuindo para transformar produtos, processos e as actividades económicas e administrativas. As consequências da sua utilização à escala global têm constituído tema de reuniões científicas, debates parlamentares e de decisões políticas.

Ainda assim e apesar disso, o futuro próximo prepara-se para nos surpreender de uma forma completamente estonteante.

A nanotecnologia refere-se ao prefixo nano, um indicador de medida que remete à escala e não especificamente a objectos ou conteúdos, como, por exemplo, a biotecnologia, cujo prefixo "bios" significa vida. Corresponde também a uma série de técnicas utilizadas para manipular a matéria na escala dos átomos e das moléculas.

Embora a nanotecnologia esteja ainda na infância, já é possível demonstrar que esta área terá um impacto tremendo nos vários aspectos da vida humana. Por certo, irá muito além das alterações provocadas pelas revoluções industriais da mecânica e da informática juntas, ocorridas nos dois séculos anteriores e num período muito mais curto. A nanotecnologia transformará e reinventará a vida como nós a conhecemos.

Estas expectativas foram já reconhecidas pela maior parte dos países industrializados, como confirmado pelo financiamento atribuído pelos governos à investigação nesta área.

Segundo a Comissão Europeia, só em 2004, o montante de investimentos financeiros globais foi da ordem de oito biliões de euros.

Em 2005 os EUA investiram mais de mil milhões de dólares (3.5 dólares per capita), o Japão 950 milões de dólares (7.4 dólares per capita), a Alemanha 260 milhões de dólares (3.2 dólares per capita), enquanto Portugal investiu apenas 0.5 milhões de dólares (0.05 dólares per capita). Em termos infra-estruturais, há também uma clara discrepância entre o que existe em Portugal e o que está implementado em vários países europeus, EUA, e Japão. A alemanha por exemplo, estabeleceu 6 centros de nanotecnologia que ligam empresas e universidades em 6 áreas distintas. Um dos centros engloba 20 empresas, 10 universidades e 15 centros de investigação concentrados no estudo da nanoelectrónica. Um outro centro é responsável pelo desenvolvimento de redes para transferêcia de conhecimento em nanotecnologia e para divulgação de informação em formação e educação. Em Portugal, o cenário é bastante diferente e a "corrida" ao nano está bastante mais atrasada.

Em novembro de 2005 foi decidida a inovadora criação do Instituto de I&D Portugal-Espanha, na sequência da decisão tomada na XXI Cimeira Portugal-Espanha de Novembro de 2005.

A decisão de criação deste Instituto foi anunciada a 19 de Novembro de 2005 pelos Chefes de Governo de Portugal e Espanha. É uma iniciativa pioneira de um novo tipo de parceria institucional internacional em ciência e tecnologia na Europa. Ficou decidido que o Instituto, o Laboratório Internacional de Nanotecnologia, ficará localizado em Braga, tendo como primeiro director um investigador espanhol. Este laboratório tem o início de actividade programado para o ano corrente de 2007, como ainda à bem pouco anunciou o ministro Mariano Gago.

Decorre destes investimentos, como frequentemente acontece com as revoluções tecnológicas, também a nanotecnologia surge acompanhada por muitas esperanças.

Arrisquemos um pouco de futurologia.

Um dos pontos fundamentais do domínio desta área é a criação de uma máquina, de tamanho molecular, capaz de duplicar-se a si mesma, o montador. Por forma a poder criar outras coisas, que não cópias de si mesma, é logicamente indispensável que ela possa igualmente fabricar outras estruturas.

Imaginemos um spray de pintura que, ao invés de tinta, vaporiza nanomáquinas que se vão colar na superfície sobre a qual é aplicada. Essa superfície pode ser do tamanho de um selo postal, de um imóvel, pode ser depositada sobre roupas, sobre a pele ou sobre uma parede. As nanomáquinas, podem por exemplo, exibir qualquer imagem fixa ou animada. Para mudar o papel pintado é necessário apenas um comando e os motivos pintados sobre a parede mudam imediatamente. Fazer uma sessão de cinema? A parede passa a ser a tela, apresentando o filme.

Os livros serão completamente diferentes. Ao ler um parágrafo, basta apoiar o dedo sobre uma referência ao fim da página, e imediatamente surgirá o texto da referência, no lugar do texto original. Consultar uma passagem do texto? Uma ilustração? Em voz alta, pede-se ao livro que encontre o que procuramos.

Para terminar, Storrs Hall imaginou e estudou uma utilização da nanotecnologia denominada "utility fog".




Imaginemos um robot microscópico, do tamanho de uma bactéria, com uma dúzia de braços telescópicos. Agora enchamos o ar de uma divisão com estes robots. Eles ligam-se automaticamente uns aos outros pelos braços telescópicos, e mantêm-se distanciados uns dos outros. Uma vez cheia a divisão, ocuparão cerca de 5% do ar da mesma. Estes robots são programados para serem não obstrutivos. Podemos andar normalmente pela divisão, respirar, etc., sem que se dê conta da presença deles. Após a nossa passagem por eles, a rede reconstituir-se-à automaticamente.

Desejamos um copo de água fresca? Ao nosso comando, a porta do frigorífico abre-se sozinha, a água é colocada num copo que parece pairar no ar e este vem até à nossa mão. A "utility fog" exerceu as forças necessárias sobre a porta do frigorífico, o copo, etc.

Temos necessidade de uma cadeira extra? Ela materializa-se diante dos nossos olhos. Esta "névoa" torna-se visível e assume a forma do objecto que precisamos.

E que tal animar um familiar que está internado num hospital situado a 100 Km de casa? Assim ele queira e a unidade de saúde esteja equipada, poderemos "materializar-nos" ao pé dele! A "névoa" recria a nossa imagem (em três dimensões) no hospital e recria também a dele no nosso quarto. Ambos podemos então conversar, como se estivesse-mos na mesma sala!

As possibilidades desta ferramenta são quase inimagináveis.

Temos que ter presente contudo, que o mundo nano não vem só com aspectos positivos. São muitos os riscos inerentes a esta nova tecnologia e convém estarmos alertas para os contras.

Desconhecem-se ainda os impactos sobre a saúde. Num artigo intitulado "Nanotecnologia: olhar onde estamos a mergulhar", o toxicólogo americano Ernie Hood revela resultados inquietantes, especialmente reacções inflamatórias nos tecidos pulmonares expostos a nanopartículas de carbono, evidenciados pelo pesquisador Gunter Oberdörster da Universidade de Rochester (Estados Unidos).

A física inglesa Ann Dowling, responsável pelo relatório da Royal Academy of Engineering, consagrado às nanotecnologias, publicado em julho de 2004, pede aos empresários da indústria que "restrijam as exposições aos nanotubos, divulguem os seus testes toxicológicos e que pesquisas aprofundadas sejam realizadas para delimitar os impactos biológicos".

Como conseguiremos manter a nossa privacidade individual e colectiva? Será possível fabricar, por exemplo, milhões de minúsculos robots, dificilmente detectáveis, permitindo invadir a vida privada de todos e fora de qualquer controlo.

É fácil perceber que questões de índole moral e ética vão ser equacionadas levantando inúmeros problemas sociais.

O advento destas técnicas revolucionará todos os aspectos da existência humana. Como se irá processar a transição e se saberemos lidar com os perigos é ainda uma incógnita.

É interessante lembrar que nós somos a prova que a nanotecnologia é possível. Os seres vivos são constituídos de verdadeiras máquinas moleculares (DNA, RNA, etc.), que funcionam à escala atómica e coordenam de maneira extremamente precisa, os átomos e as moléculas que constituem os seres vivos.

A história já por momentos foi interrompida devido a grandes revoluções cientificas e tecnológicas, que tiveram o condão de mudar a história da Humanidade e em determinadas ocasiões o comportamento e hábitos do Homem. Uma nova revolução, a revolução invisível, já começou e está a caminho.

Ana Rita Maltez

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